Foz | Samuel Pimienta

Falo-te da condição dos
rios do gelo das montanhas e dos
peixes dos seixos e escarpas que
ainda dobram as minhas águas.

Falo-te das
florestas dos percursos
ocultos

[câmaras subterrâneas
que esculpi] e das vidas a quem dei
de beber.

Falo-te do tempo que demora um grão de areia a nascer.

E tu revelas-me o encontro azul das águas
o movimento
das vagas o sopro do
sal.

Falas-me do mundo
submerso dos segredos que escutaste
nos búzios e das velas brancas dos
barcos ao partir.

Já não sou rio nem margem.
Sou líquido com asas a crescer no horizonte.