Edición 2016

Nesta edición, os mellores temas musicais publicados en Galiza e en Portugal en 2015 son, respectivamente, Cantiga da montaña, de Xabier Díaz & Adufeiras de Salitre, e Medusa, de Capicu .En poesía venceron a galega María do Cebreiro, polo poema O corazón, e o portugués José Ricardo Nunes, por Não sei, minha filha....


  • Não sei, minha filha, que mundo será o teu.
    Mundo, como sabes, é apenas uma palavra
    e nessa precária condição pode ter o significado
    que lhe quiseres dar. Porém, se lhe quiseres dar
    um significado verdadeiro, mundo é muito mais
    que mundo, pode mesmo ser a realidade que devia ser
    em vez de ser, como já sabes, apenas uma palavra
    que até um poeta de primeira grandeza jamais sabe
    o que será depois de ser escrita num caderno e por alguém pronunciada. Para mim, é uma palavra de significado bastante reduzido. Gostaria que o seu significado
    não coubesse apenas numa palavra e fosse um composto
    de coisas de verdade, terras e prédios e gente
    de verdade a caminhar pelas ruas. Que a injustiça
    que sinto e não quero ver propagada é o significado
    ausente dessa palavra grande, onde cabem os países
    todos e que associamos a tudo o que nos rodeia,
    associa desde logo a ti, que és o mundo. O mundo,
    um mundo, mundo apenas, prescindo de aludir às variáveis que a língua compreende e nos desorientam ainda mais. Basta que não a ligue a nada de palpável para perder significado. Posso escrevê-la, proferi-la e nada ter
    depois a que relacioná-la, apenas ao eco
    quando a traz de volta ou à leitura, por exemplo,
    de um poema tão sentido quanto aquele
    que Jorge de Sena dirigiu aos filhos. O teu mundo
    não sei como será, Beatriz. Mas seja o que for,
    com terras e prédios e gente a caminhar pelas ruas,
    só espero que seja um mundo de verdade mesmo. Só peço que a palavra mundo não se torne num lugar vazio
    no dicionário, sem nada ter por referência,
    como sucede com o meu, não sei porquê.
    Igual, de resto, ao que sucede com outras palavras,
    desde logo com a palavra amor, que também não sei se serve ao que sinto, como já te disse, e não contém todo o amor
    que sinto por ti, tão basto quanto um mundo de verdade.
    Só peço que o teu não se desfaça assim. Que o mundo
    dá um imenso trabalho e refazer se for coisa de verdade
    e não apenas uma palavra bem escolhida, dessas que demoram
    a escolher mas alguém decide pôr dentro de um poema, apesar de ser uma palavra grande demais e ter pouco significado para mim. “O mesmo mundo que criemos
    nos cumpre tê-lo cuidado, como coisa que não é
    nossa, que nos é cedida para a guardarmos respeitosamen- te.”

    O teu não sei o que será. Só peço que tenha ainda melhor significado do que aquele que hoje imaginas de verdade merecer. Mundo, como sabes, é apenas uma palavra
    e nessa precária condição pode ter o significado
    que lhe quiseres dar.

  • Ninguén nos dará a man no derradeiro alento.
    Quizais a morte sexa unha experiencia nobre.
    Quizais sexa tan cega como o amor,
    e o sentido da vida sería un significante baleiro, igual que o orgasmo.

    Poderán agarrarnos da man ou bicarnos na fronte,
    pero no derradeiro instante (se é realmente o instante derradeiro) estaremos nós sós.

    E nada é suficiente contra a morte.
    Morren os asasinos e os caníbales,
    os que souberon ler as vísceras das aves,
    os que ataron no mastro
    a pálida Ifixenia porque séculos antes,
    na súa condición de notables
    da república, autorizaran tamén sacrificios humanos.

    A vida non ten sentido.
    A vida é o sentido.
    E o corazón, tan fráxil, unha ave de paso:
    sobrarían os dedos dunha man para poder contalo.

    Un can de caza tan ben adestrado
    que até que estoupa non deixa de bater. Ás veces o corazón nace cun sopro: o vento infíltrase nel e non o solta, e noutras ocasións rube pola montaña que fai irregular a paisaxe da vida,
    e móvese por ela como un tren descarriado polos Andes.

    E tendo estas imaxes na memoria dicimos, pobremente, que alguén rompeu o noso corazón.
    Como se fose un óso e non un músculo.
    Pero as cuncas non son de cristal nin de louza.

    O aire é o verdadeiro escultor da sede.
    E o corazón, a máquina de guerra que escolle a quen lle dar a súa metralla.
    A quen entrega as armas o corazón
    respóndelle: “Non perderás a vida porque non a tes”.

    O amor é unha operación a corazón aberto. Quen pode asegurar,
    cando nos abran, se ficaremos salvos ou se iremos morrer?

    O deserto.

  • – em resposta ao poema “fui a Lisboa esquecer um amor” –

    para o João Meireles

    tu não estás aqui
    e tenho beijado todas as garrafas
    num bar escondido de Bruges
    sem querer dou por mim
    a perder terreno na tua vida

    eu que sempre te esperei às 17
    na janela desalumiada do metro
    entre olaias e chelas
    tu não estás aqui
    e é tão bom assim: despertar incerto
    partir a língua em dois como um hiato
    granjear o sol dalgum hemisfério
    reaver-me dos engenhos necessários
    e supor que tudo se resume, caro watson,
    a morte & amor

    tu não estás aqui
    em tanto sítio em tanto corpo assediado
    no dia em que Freddie morreu.

    se em muito te reconhecia,
    em pouco te relembro agora

  • Para Vicente Ansola

    o mar
    sopraba azul
    e abaneaba as follas dos carballos
    mentres eu paseaba silencioso
    ao compás do teu recordo

    había
    quen berraba agonizante
    incrédulo
    a tanto naufraxio
    e tanto amor
    tamén era eu
    mais non quixen facerme caso

    percorrín de novo o camiño á casa
    fecheime no cuarto
    e oferteime ao teu delirio

    pronto
    fomos auga

  • Finalista 2016, 1º posto Galiza

    Ao pasar polatúa porta
    Levo presa e voucorrendo
    Porque non digan teuspais
    Que de amores te pretendo
    Ao pasar polatúa porta
    Levo presa e voucorrendo
    Dende aquí te estou mirando
    Cara cara, frente a frente
    E non che podo dicir
    O que o meu corazón sente
    Dende aquí te estou mirando
    Cara cara, frente a frente
    Nestelugarínpequeno
    Amores hei de encontrar
    Ou no pico ou no fondo
    Ou no medio do lugar
    Nestelugarínpequeno
    Amores hei de encontrar
    Polo sol mándoche cartas
    Pola lúa saudades
    Polasestrelas do ceo
    Memorias que te regales
    Polo sol mándoche cartas
    Pola lúa saudades

  • Finalista 2016, 1º posto Portugal

    (Capicua)
    Ela é medusa.
    A vítima que toda a gente acusa.
    E de quem a vida abusa.
    Ela é Medusa e recua e recusa
    E resiste, ele insitiste e arranca-lha a blusa e usa-a
    Escusa, ela acua, sozinha na rua
    Seminua
    Semi-sua
    Semi- morta
    Porque mais ninguém se importa!
    Ela é Medusa
    O corpo pra que toda a gente aponta
    Que posta, não gosta,
    faz troça, desmonta
    Comenta, ali exposta na montra,
    De fita métrica pronta
    Examina-se a carne
    E critica-se a “coisa”.
    O resto não conta
    É uma sombra…
    É uma sombra…
    É uma sombra…
    _

    Por cada vítima acusada
    E transformada em monstro
    Em cada casa, cada caso,
    Cada cara e cada corpo
    Em mais um dedo apontado ao outro,
    Cresce a ira da Medusa que me vês no rosto
    _

    (Valete)
    Em cima da ponte está a tua irmã desaparecida
    em interação com aqueles instintos suicidas
    abatida na depressão duma história nunca esquecida
    vencida por um trauma de uma violação aos 15
    Em cima da ponte está a mulher que bombardeiam
    Por usar a liberdade sexual tão proclamada
    Degolada por tantas ofensas que vocês fraseiam
    Exterminada por aquele nojo daqueles que a rodeiam
    Em cima da ponte está Maria Conceição
    Vítima de uma relação e de um amor tirano
    Marcada pela opressão e traumatismos cranianos
    Golpeada por quase 20 anos de agressão doméstica
    Em cima da ponte está a tua vizinha acanhada
    Há muito aniquilada por esperanças que se esfumam
    Há muito rebaixada por vexames que se avolumam
    Envergonhada pelo próprio corpo que todos repugnam
    Em cima da ponte…
    _

    Por cada vítima acusada
    E transformada em monstro
    Em cada casa, cada caso,
    cada cara e cada corpo
    em mais um dedo apontado ao outro, Oh!’
    Cresce a ira da Medusa que me vês no rosto
    _
    (Capicua)
    Ela é Medusa
    A miúda de que toda a gente fala.
    Na rua, na sala de aula, e à baila
    Vem ela, a cadela, a perdida, sem trela,
    Vadia, cautela com ela,
    Que é livre, e vive
    A vida dela
    Como se atreve?
    Aquela…
    Como se atreve?
    Aquela…
    Como se atreve?
    Aquela…
    Ela é Medusa
    Aquela de que mais ninguém tem pena
    Que apanha, sem queixa, que deixa e aguenta
    Aquela que pensa que o amor é pra sempre,
    E na crença, sofre em silêncio…
    Só.
    Completamente só.
    Esconde a nódoa negra com o pó.
    Só.
    Completamente só.
    Esconde a nódoa negra com o pó.
    _

    Por cada vítima acusada
    E transformada em monstro
    Em cada casa, cada caso,
    cada cara e cada corpo
    em mais um dedo apontado ao outro, Oh!’
    Cresce a ira da Medusa que me vês no rosto
    é a minha ira, a nossa ira, a ira…
    a minha ira, a nossa ira, a ira…
    a minha ira, a nossa ira, a ira…

  • Finalista 2016, 2º posto Galiza
    Finalista 2016, 2º posto Galiza

    Parabará, parabará, …
    Baixo unha pedra de sal,
    naciches meu queridiño,
    o sol quentaba a túa cara
    nun abranco ben tranquilo.
    Esa noite que partías
    Ben mansiño estaba o mar
    A túa vida unha viaxe
    As nubes, o teu fogar.
    Ai le la, ai le la …
    Voa, queridiño, voa.
    Ai le la, ai le la
    Como o tempo de estar soa.
    Voa, queridiño, voa.
    Ai le la, ai le la
    Como o tempo de estar soa.

    Non podes seguir así,
    Fuxe desta xente necia
    Lisca e vaite co vento
    Esta terra non te aprecia.
    Este ventos non son fortes,
    nensirven para voar
    atopareite nas pontes
    do río baixo o luar.
    Ai le la, ai le la …
    Voa, queridiño, voa.
    Ai le la, ai le la…
    Como o tempo de estar soa.
    Ai le la, ai le la…
    Voa, queridiño, voa.
    Ai le la, ai le la…
    Como o tempo de estar soa.

    Non sintas pena de min,
    Non teñas pena ningunha,
    que o noso camiño así,
    queridiño, continúa.
    Non sintas pena de min,
    Non teñas pena ningunha,
    Que o noso camiño así,
    queridiño, continúa.
    Ai le la, ai le la…
    Voa, queridiño, voa.
    Ai le la, ai le la…
    Como o tempo de estar soa.
    Bis

  • Finalista 2016, 2º posto Portugal

    Está o meu segredo
    Cedo à tentação
    De o guardar mais um momento

    Porque enquanto o segredo fica
    É como se não fosse
    Como se não fosse
    Embora a culpa insista
    Persiste e a força é de guardar

    A teu lado medito
    Na melhor forma de dizer
    Que os frutos do nosso amor
    Não se podem colher

    Mas não está certo
    Não podia acontecer
    Estávamos tão perto
    Chegar à praia p’ra morrer

    Triste e estranha sensação
    Um homem sem função
    Sem continuação
    Sangue do meu sangue

    Não te julgarei, querida
    Se o teu coração
    Ao amanhecer
    Se encolher ao me ver

    Vais partir em busca da vida
    Destruído sorrirei
    Na hora da despedida
    Destruído
    Destruído sorrirei

  • Finalista 2016, 3º posto Galiza
    Finalista 2016, 3º posto Galiza

    Para cantar coma min-e
    Para cantar coma eu canto
    Para cantar coma min-e
    Para cantar como eu canto
    Ese cantar que botaches
    Dime quenchoaprendi-e
    Ese cantar que botaches
    Dime que choaprendiu
    Aprendiumomiñaavoa
    A nai da nai que me pariu-e
    Para cantar coma min
    Para cantar como eu canto
    Para cantar coma min
    Para cantar como eu canto
    Levo unha una pena moi fonda
    Cravada dentro da ialma
    Levo unha pena moi fonda
    Cravada dentro da ialma
    E habíamesme de bicar-e
    Que con iso me pasaba
    Para cantar coma min-e
    Para cantar como eu canto
    Para cantar coma min-e
    Para cantar como eu canto
    I esta miñacompañeira
    Cosollos que ten na cara
    Esta miñacompañeira
    Cosollos que ten na cara
    Non hai rapaza nin mozo
    Que non queiranamorala
    Para cantar coma min-e
    Para cantar como eu canto
    Para cantar coma min-e
    Para cantar como eu canto
    Busco gracia busco gracia
    Busco gracia e máis donaire
    Busco gracia busco gracia
    Busco gracia e máis donaire
    Fun á rúa onda por ela
    E non andaba no baile
    Para cantar coma min-e
    Para cantar como eu canto
    Para cantar coma min-e
    Para cantar como eu canto
    Para cantar coma min-e
    Para cantar como eu canto
    Para cantar coma mine
    Para cantar como eu canto
    Hai que te-lo sentimento
    Do fogo que está bailando
    Para cantar coma min-e
    Para cantar como eu canto
    Para cantar coma min-e
    Para cantar como eu canto (bis)

  • Finalista 2016, 3º posto Portugal
    Finalista 2016, 3º posto Portugal

    Quando o sol nascente deixou ver
    No horizonte a ilha se estender
    Como um manto em tons de prata à luz do amanhecer

    A planura imensa do areal
    Brilhava como um espelho de sal
    E a brisa empurrou o barco ao meu ponto final

    Na branca rebentação

    Ondeava a solução

    Foi na ilha que aprendi a ler
    As estrelas e o céu de chover
    Contei luas e marés até adormecer

    Sonhei com meu norte cardeal
    E a surdez da minha capital
    Entre o vício e a virtude
    Entre o bem e o mal

    A insónia nacional
    Tempestade irracional

    Nos braços daquela solidão
    Longe do ruído do betão
    Apesar da humanidade e a sua ambição

    Decidi voltar atrás
    Desistir nunca dá paz
    A beleza insular
    Não chega sem partilhar

  • Finalista 2016, Galiza

    En Américaestou, menudo Panorama,
    marcheipa Paris cunhatropacubana
    salín de Tarajoña, buscando a Superfama.

    Eu que sempre fun o mais rockero dos vesiñosiba de Suave
    acabéi de Suavesito
    Cometin o delito, acabé de Suavesito.

    Aquíhaimoitorocanrol, demasiadorocanrol, rocanrol!!!

    Fún para Vijobuscando a Sintonía,
    con un Salsa Rosa entróume a cajarria
    MenudaJran Parada, no medio da autovía.

    Aquíhaimoitorocanrol, demasiadorocanrol, rocanrol!!!
    Aquíhaimoitorocanrol, demasiadorocanrol, rocanrol!!!

    Baixaron os dioses da Olympus carjados de cubanitos
    Y o “Highway to Hell” tocaron

    Litros de alcoholpor mis venas, quierojosar con las nenas
    Y acabarhasiendoManá
    (hungachacahungachacahunga…)

    Aquíhaimoitorocanrol, demasiadorocanrol, rocanrol!!!
    Aquíhaimoitorocanrol, demasiadorocanrol, rocanrol!!!
    Aquíhaimoitorocanrol, demasiadorocanrol, rocanrol!!!
    Aquíhaimoitorocanrol, demasiadorocanrol, rocanrol!!!

    (hungachacahungachacahunga…)

  • Finalista 2016, Galiza

    Que se os canóns do Sil ou as fragas do Eume
    a pesca no Ulla ou o aroma do Lérez
    algún poeta a recitar nasbeiras do Sar
    O río Miño e unha recua de regatos afluentes
    os que van para Asturias como o Navia e o Eo
    do Xallas ves no Ézaro a fervenzadende o mirador
    Pero hai un río que se marxinou
    nin dios coñece o Anllóns
    Nin dios o coñece. O outro día pregunteille a miñanai e non sabía que río era. Explícovos.
    Sae da Serra de Montemaior
    pérdese no Verdes e no Añón
    e vaimorrerao mar na ría de Laxe e Corme
    é un referente na labor da contraminacción
    busca a purificación
    e rega as terras da comarca de Bergantiños
    É que é un río que se marxinou
    nin dios coñece o Anllóns
    con esa fonética vai conquistar
    a un pobo con collóns
    Basta xa de falarsempre dos mesmos putos ríos
    a rebelión comeza por gabarse dos cativos
    e hai que remediar unha errada educación fluvial
    que merdallesensinanaos rapaces nasescolas
    se non saben o nome do río que máis mola
    comeza un tempo triunfal coAnllóns de emblema nacional
    É que é un río que se marxinou
    nin dios coñece o Anllóns
    Sae da Serra de Montemaior
    pérdese no Verdes e no Añón
    e vaimorrerao mar na ría de Laxe e Corme
    O esteiro é tan fermoso
    deixaratesen respiración
    eu non sei nadar pero aprendería no Anllóns
    Anllóns
    Carballo mola mogollón

  • Finalista 2016, Galiza

    Onda soante e branquiña
    Que vas e ves a porfía
    Coma ti parece ser
    A miñamalenconía
    O mar a beira te leva
    Mais ti corredora onda
    Chegas a ela e das volta
    Vamos procurar na nosa memoria
    A imaxe real do noso pasado
    Para entender o noso fado
    Vamos voltarao principio da historia

  • Finalista 2016, Galiza

    Era um redondo vocábulo
    Uma soma agreste
    Revelavam-se ondas
    Emmaninhos dedos
    Polpasseuscabelos
    Resíduos de lar
    Nos degraus de Laura
    A tinta caía
    No móvelvazio
    Convocando farpas
    Chamando o telefone
    Matando baratas
    A fúriacrescia
    Clamando vingança
    Nos degraus de Laura
    No quarto das danças
    Narua os meninos
    Brincavam e Laura
    Na sala de espera
    Inda o ar educa
    Era um redondo vocábulo
    Uma soma agreste
    Revelavam-se ondas
    Emmaninhos dedos
    Polpasseuscabelos
    Resíduos de lar
    Nos degraus de Laura
    A tinta caía
    No móvelvazio
    Convocando farpas
    Chamando o telefone
    Matando baratas
    A fúriacrescia
    Clamando vingança
    Nos degraus de Laura
    No quarto das danças
    Narua os meninos
    Brincavam e Laura
    Na sala de espera
    Inda o ar educa

  • Finalista 2016, Galiza

    Doce é a luz do teu ollar
    Doce ten pedriñas de cristal
    Doce, as ondas que fan as mans
    do teu mar

    Doce, escoito no teu canta
    Doce, sereas de escuma e sal
    Doce, túa voz ao arrolar
    o meu mar

    Naninaniná, naninaninana, naninaniná, naninaniná
    Naninaniná, naninaninana, naninaniná, aaaaaaa

  • Finalista 2016, Galiza

    A xente fala que será de ti,
    Vas quedar na casa como sigas así.
    A xente fala, non sabe que dicir.
    Distinta, diferente, haixentepa’ todo!
    Pasan os anos caladas, sumisas,
    Non consintas, non permitas.
    O teucorpo, os teusdereitos,
    Que ninguén decida por ti.
    A xente mola aínda que esté tola.
    Haiquen debe e haiquen bebe,
    Haiquen bebe porque debe
    E logo tamén deben o que beben.
    A xente fala, a xente cala.
    Haixente mala que fala por falar,
    Leriando, enrredando, whatsappeando,
    Sen rumbo fixo como o vento.
    A xente fala, a xente cala.
    Estamos fartas de pagar,
    Xa estamos fartas de apandar,
    Seremos clandestinas nunca máis.

  • Finalista 2016, Galiza

    Ollando práLuaña,
    percorro o horizonte.
    No lombo dunha araña,
    achégome aos seus montes.
    Dunha feitura estraña,
    vexo rinocerontes,
    fouciños e gadañas,
    corvos e tartarañas
    que beben das súas fontes.
    Eu son un instrumento de vento
    non caio no salouco
    pero vivo no lamento.
    A min chámanme louco
    sen me ler o pensamento.
    Se pensas que isto é pouco
    é porque falo, calo, vivo
    sinto e penso lento.
    Navego polo espazo.
    Quixera ser poeta
    máis non paso de pallaso.
    Facer o que me peta
    e deseñar libre o meu trazo,
    Matón de discoteca
    chorar a Cangas do Morrazo.
    Eu fáloche de min,
    pero fáloche de ti,
    das cores das persoas,
    amatistas e rubís.
    Hainas chungas e boas,
    Xan Bautistas e Dalís
    Dalípra aquí,
    o bisturí do cirurxián corta o prepucio.
    Eu hai cuestións
    sobre as que non me pronuncio.
    Ollando práLuanha,
    percorro o horizonte.
    No lombo dunha araña,
    achégome os seus montes,
    dunha feitura estraña,
    vexo rinocerontes,
    fouciños e gadañas,
    corvos e tartarañas
    que beben das súas fontes.

    Constelacións de flexos,
    prendidos e espallados,
    alumean a noite,
    desexos inconexos,
    metidos no faiado.
    Non teño quen me escoite,
    é duro e escuro como
    a cartola, comoMandela.
    Nacín na póla e vivo nela,
    mira entre o fume se hai complicidade,
    esperto os vagalumes da cidade.
    Levanta as áncoras, tira para Itaca,
    e leva un bo caderno de bitácora.
    O cuadro non vale de traca.
    Taba mellor no monte,
    no monte escuro,
    pensando no futuro
    tou mellor en calquer onte
    e viceversa, tanta conversa
    taba mellor nesa montaña,
    ollando práLuanha.

    Ollando práLuanha,
    percorro o horizonte.
    No lombo dunha araña,
    achégomeaos seusmontes.
    dunha feitura estraña,
    vexo rinocerontes,
    fouciños e gadañas,
    corvos e tartarañas
    que beben das súas fontes.

    Bis

  • Finalista 2016, Portugal

    Sei lá
    Se sinto mais
    Quando tu estás
    Ou quando vais

    Sei lá
    Tudo que estás
    Se é bom assim
    Ou se é demais

    Sei lá se voltarás
    Ou se, afinal, nunca virás
    Virás ou não virás?
    Se voltarás, não sei, sei lá

    Mas sim, eu fico aqui
    Na ilusão que te perdi
    Perdi, ou não perdi?
    Não sei se não, não sei se sim

    Sei lá se voltarás
    Ou se, afinal, nunca virás
    Virás ou não virás?
    Se voltarás, não sei, sei lá

    Sei lá se voltarás
    Ou se, afinal, nunca virás
    Virás ou não virás?
    Se voltarás, não sei, sei lá

  • Finalista 2016, Portugal

    E mi ke maria di lida
    Mudjer balida sempri na buska bida
    Buska bida dia, buska bida noti
    Nten dôs bóka, ku mi tres ke pan sustenta
    Ai si bu tem ki dan ka bu nganan!
    Si u tem ki dan ka bu nganan!

    Nha maridu ba lisboa, ka fla nada
    Ka mandan karta nen telegrama, ki fari dinheru
    Trabadju di strada sta paradu, inda ka abri
    Ai si bu tem ki dan ka bu nganan!
    Si u tem ki dan ka bu nganan!

    Korpu ta ronda é mau sinal
    Mar djan padja inda ka ronka
    Tanberina kau xinega ka rabenta
    Ai si bu tem ki dan ka bu nganan!
    Si u tem ki dan ka bu nganan!

  • Finalista 2016, Portugal

    Nada tenho como certo, não
    O certo nunca foi pra mim
    A minha pele como um pó
    Veio o vento a mudar quem sou
    Vai veloz, sem cair

    Mas desde que te vi
    Com o coração colado ao peito, já
    Já tão desfeito do que quis
    Sou barco negro e tu farol
    Noite escura estendida ao sol
    Mão no ar, estou aqui
    Vou veloz e vou por ti

    Chama-me que eu vou
    (Woo-hoo, woo-hoo) Já te vejo em todo o lado
    (Woo-hoo, woo-hoo) Pede-me que eu dou
    (Woo-hoo, woo-hoo) Chama-me que eu vou
    Pela porta de frente
    Contigo eu posso ser o que eu sou
    ‘Tigo, hey

    E não me tires o tapete, não
    Não me contes já o fim
    Que esta canção eu sei de cor
    E a vontade só quer dançar
    Mão no ar, estou aqui
    Vou veloz tentar por ti

    Chama-me que eu vou
    (Woo-hoo, woo-hoo) Já te vejo em todo lado
    (Woo-hoo, woo-hoo) Pede-me que eu dou
    (Woo-hoo, woo-hoo)

    Lá no alto há um santo que alguém largou
    (Woo-hoo, woo-hoo)
    No meu altar um desejo que só para ti cantou
    (Woo-hoo, woo-hoo)
    Mais que uma vaga promessa (woo-hoo, woo-hoo)
    Que tão depressa cansou (woo-hoo, woo-hoo)

    Vem fazer par desta dança
    Contigo eu consigo
    Eu vou ser tudo aquilo que eu sou
    Contigo eu vou ser o que eu sou
    ‘Tigo eu posso ser (woo-hoo, woo-hoo)

    Chama-me que eu vou
    Hey (woo-hoo, woo-hoo)
    Chama-me que eu vou, hey, ho
    ‘Tigo eu posso ser o que eu sou

  • Finalista 2016, Portugal

    Eu nem sei como começo
    Fica tão difícil para mim
    E digo coisas sem nexo
    Perguntas porque estou assim
    Eu nem sei explicar nem vou contar
    Que o tempo pára ao ver-te acordar
    Nesse teu jeito inocente
    Que me faz não te querer largar

    Foram os teus abraços
    O sorriso maroto
    O teu corpo desenhado
    E eu desajeitado
    E tu sem me dar troco
    Fica mais um bocado

    E ela diz que não dá
    Não dá, não dá, não dá
    Tu não estás bem quando estás sozinha
    Eu não percebo se tu estás na minha
    Mas vá lá não fiques convencida
    Só porque és mais gira do que querida

    E então eu sou um perdido e um achado
    Tu às vezes pões de lado
    Mas queres e então
    Eu penso em ti todos os dias
    Mas não sei se penso mais do que pedes

    Foram os teus abraços
    O sorriso maroto
    O teu corpo desenhado
    E eu desajeitado
    E tu sem me dar troco
    Fica mais um bocado

    E ela diz que não dá
    Não dá, não dá, não dá
    Não dá porquê
    Se nos teus olhos eu vejo
    Que tu queres mais de mim
    Eu grito, mas tu não vens

    Nem tens alguém que te provoque
    Te deseje e te toque
    Que te faça rir
    Te espere e te leve no meu hip-hop

    Quero ter-te por perto
    Vem ter comigo és tu que escolhes
    Nunca houve mais ninguém
    Tens o meu mundo nos teus olhos

    Nada é incerto e tu és essa vontade
    De te ter, de te querer
    De te sentir e escrever
    E dizer

    Que és aquilo
    Que eu preciso então
    Eu sei que vali a pena
    Só não sei se são

    Os meus abraços
    Que te sabem a pouco
    E tu queres o teu espaço
    Será que sou passado
    Ou isto é só um jogo
    Para me teres ao teu lado

    Mas ela diz que não dá
    Não dá, não dá, não dá
    E ela diz que não dá
    Não dá, não dá, não dá
    Tu, só tu, só tu
    Que me faz ser eu
    És tu, só tu

    E o que é que aconteceu
    És tu, és tu
    E o que me deu
    És tu, só tu
    Tu, só tu, só tu

  • Finalista 2016, Portugal

    A luta é de quem trabalha
    Mudando o presente com as mãos
    Também é dos que acreditam
    Que os seus sonhos não são vãos

    Ceifeira, linda ceifeira
    Eu hei-de casar contigo
    Lá nos campos, secos campos
    À calma ceifando o trigo

    À calma ceifando o trigo
    Pela força do calor
    Ceifeira, linda ceifeira
    Hás-de ser o meu amor

    Bem podia quem tem muito
    Repartir com quem não tem
    O rico ficava rico
    E o pobre ficava bem

  • Finalista 2016, Portugal

    Talvez seja isto a solidão
    Este nó no coração
    Apertado com saudade
    Talvez seja isto o abandono
    Como as folhas no outono
    Se espalham na cidade

    Talvez seja só isto que sobra
    Quando o tempo vem e cobra
    A alegria que nos deu
    Talvez seja só isto que resta
    Quando nada já nos presta
    Quando tudo já doeu

    O que mais custa é não saber de ti
    Não saber se me esqueceste
    Não saber se me perdeste
    Não saber se te perdi

    Talvez se eu voltasse a ser brinquedo
    Eu matasse este meu medo
    De já não servir ninguém
    Talvez se eu voltasse à tua mão
    Se acabasse a escuridão
    E ouvisse mais além

    Talvez seja isto que magoa
    O vento e o tempo não perdoa
    E que o teu amor passou
    Talvez seja assim que tudo acaba
    Pode ser que talvez nada
    Nos avise que acabou

    O que mais custa é não saber de ti
    Não saber se me esqueceste
    Não saber se me perdeste
    Não saber se te perdi

    O que mais custa é não saber de ti
    Não saber se me esqueceste
    Não saber se me perdeste
    Não saber se te perdi

  • Finalista 2016, Portugal

    Há no céu da boca
    Um sabor a Mel Fel
    Toda a Beleza é pouca
    Ninguém manda no Bordel

    Há na China
    Uma Barragem suicida
    Para quem quer Mudar de Vida
    Um Chamado Investimento

    Apaga as luzes
    Já é de manhã
    Aproveita o vento
    Finge um sentimento

    Há no Clima
    Uma Alteração no Tempo
    E Quando Muda a Hora
    Lá vem Sofrimento

    Liga a cadeira eléctrica
    Sente a energia
    Funciona tudo por magia
    Liga

    Cadeira eléctrica
    Corta a corrente
    Passa tudo
    Tudo por magia